sábado, 16 de abril de 2011

Para além dos discursos da sustentabilidade



Os gritos e brados dos movimentos ecológicos da década de 1980 e 1990 ganharam novas feições e algumas "maquiagens" nos discursos da gestão do século XXI, onde ambiente e sociedade ganham interpretações dirigidas a mercados.
De repente nos vemos à solta com o re-descobrimento e re-despertar da preservação do Planeta, dos ecossistemas e do reavivamento das questões sociais (estas abandonadas pelos estados e setor privado desde tempos remotos).
Rachel Carlson é relembrada, Lesther Brown é enaltecido, Gore dá voltas ao mundo de avião contra o aquecimento global, e a questão social transforma-se em enorme promessa de novos mercados nas palavras de Prahalad!
O que pede cautela a todos aqueles (as) que acompanham as árduas e longas lutas pela preservação ambiental e pela justiça social é não dissociar os discursos e tendências ocultas nos discursos socioambientalistas proferidos por diversos gabinetes.
As questões socioambientais remontam ao passado histórico de milhares de povos e regiões que lutaram pela soberania de seus recursos, de suas gentes, seus costumes, pela alteridade de sua cultura, seu relacionamento homem-meio e suas peculiaridades locais. A enorme complexidade dessas lutas vão para além dos jargões marketeiros da sustentabilidade atual e penetram na história da real biodiversidade natural e humana existente no planeta.
Separarmos o que é o discurso tendencioso da verdadeira essência da preservação dos ecossistemas, dos costumes, tradições, histórias e povos, é dar o real sentido de preservarmos o planeta para as gerações futuras: enquanto possibilidade de aprendizado, convívio e relacionamento com o diferente e com a natureza. É dar sustento e garantia da preservação da rica construção humana em harmonia com a natureza.

José Gonçales Junior

Nenhum comentário:

Postar um comentário